top of page

A ARTE DA PALAVRA - GABRIEL PERISSÉ - FICHAMENTO DO 4º CAPÍTULO – O PLÁGIO CRIATIVO

  • andrecosta48
  • 22 de jun. de 2021
  • 5 min de leitura

Por: André Felipe

Para: Disciplina de Comunicação e Expressão


“Escrever é tomar a decisão de descobrir o meu método pessoal para forjar o meu eu em forma de texto.” (p.75)

“E as palavras somos nós, preenchendo esses abismos.” (p.76)

“Por mais prosaico que seja o texto que precisamos escrever, por mais objetiva que seja a necessidade de uma carta ou e-mail, temos de levantar essas pontes com nossas palavras, com nossa personalidade, e fazer delas um caminho vivo para a comunicação interpessoal.” (p.76)

“Originalidade é o que se faz novo aos nossos olhos, com novas coerências, novo atrativo. Uma pessoa original é aquela que está sempre nos surpreendendo pelo fato de ser uma pessoa.” (p.76)

“(...) podemos imitar de forma criativa. Podemos ser originais sem a necessidade de apelar para a extravagancia. Podemos utilizar o que é alheio com a liberdade de quem tem esse algo como coisa própria.” (p.77)

“Quando Nelson Rodrigues diz que “o pior cego é aquele que não quer ouvir”, está levando nosso olhar para outros aspectos da questão. A pessoa que não quer ver é o pior cego, como ensina o dito popular, mas é ironicamente verdadeiro também que o cego pior é aquele que, além de cego, recusa-se ouvir as orientações dos outros!” (p.77)

“O conceito de plágio é relativamente novo. Na Idade Média, as “leis da imitação” permitiam e até estimulavam a busca de um exemplum, de um modelo do passado que servisse como base para fazer algo de novo com o antigo, mesmo que depois todos pudessem perceber ali, na obra realizada, mais o antigo do que o novo.” (p.78)

“O plágio criativo é uma imitação inteligente de versos e metáforas, de ideias e frases, de resultados e conclusões de outros autores, e, devo esclarecer, esse processo criativo é utilizadíssimo pelos grandes escritores, que são ao mesmo tempo grandes leitores e descobriram o óbvio: nada existe de novo sob o sol... frase que o autor do Eclesiastes deve ter copiado de algum outro escritor.” (p.81)

“Podemos, claro, falar que tudo isso é reelaboração, paráfrase, (re)invenção e outros procedimentos do que se convencionou chamar “intertextualidade (...).” (p.82)

“Portando, para sermos originais, façamos o trabalho dos plagiadores! Conheçamos a fundo aquilo que lemos, ou aquilo que imitamos sem pensar. Roubemos o que é de todos! Ou o que parecer ser de um só. Mas dando a esse “roubo” um toque pessoal.” (p.82)

“(...) Usemos o que existe de melhor em cada um dos autores que lemos, acrescentando a esse material a nossa personalidade e produzindo algo original... até para nós mesmos.” (p.82)

“Nós não começamos do zero. Há uma estrutura inicial que recebemos e com a qual precisamos lidar. (...)” (p.83)

“As primeiras pessoas com quem nos relacionamos foram as primeiras a nos influenciar, e essa influência já representa um forte “ingrediente” a atuar em nossa vida. (...)” (p.83)

“O idioma materno – não à toa utilizamos esse adjetivo – gera o nosso modo de falar, gera o nosso modo de entender o mundo e falar de nós mesmos, e entender a nós mesmos. Nele estão nossas raízes. Dele nos alimentamos. O poeta espanhol Juan Ramón Jiménez referia-se não apenas ao idioma materno, mas ao “español de mi madre” porque aprendemos a ler e escrever desde o berço, desde os primeiros diálogos com a mãe, com o pai, com os parentes mais próximos.” (p.84)

“Por mais idiomas que uma pessoa domine, nunca deixará de ter uma única língua, a língua que lhe foi ensinada pelos primeiros professores, pais; língua que permite aprender as outras” A língua materna, cujos sons, pele e perfumes são únicos e intraduzíveis, são a referência, a primeira grande influência que recebemos. Um idioma não apenas diz o que diz... mas é a melhor forma com que eu posso dizer o que sinto, o que sei, o que sou. (...)” (p.84)

“O idioma é a carteira de identidade de uma pessoa. E quem escreve precisa tomar consciência de que nós somos aquilo que falamos-lemos-escrevemos e que toda a nossa vida consiste em aprender nosso idioma, apaixonar-se por ele, respeitá-lo, ter com ele intimidade autêntica, para, nele, enxergar a realidade com mais clareza, comunicarmo-nos com outros, expressar nossas idéias e perplexidades, nossas alegrias e dores, “morar” e “viajar” neste mundo em pleno direito.” (p.85)

“O dicionário é pai dos inteligentes, daqueles que sabem que cada palavra tem a sua abrangência, o seu matiz, a sua personalidade. (...)”

(p.85) “O dicionário é a fonte de inspiração, reflexão e ampliação da nossa consciência dentro desse “país” lingüístico, cujas fronteiras estão nas almas mais do que nos mapas.” (p.85)

“Conhecer nosso idioma é uma responsabilidade. Um ato de verdadeira cidadania. E de crescimento cultural e pessoal. Temos a responsabilidade de aceitar, aceitar é pouco – temos a responsabilidade de tocar e degustar o idioma em que surgimos a fim de criar um “idioma pessoal”, toque e degustação que se materializam em colocar “a mão na massa” para vencer a distância entre o que devemos ou queremos escrever (...)” (p.86)

“Uma vez que o idioma é ima realidade inevitável em nós, pois dele precisamos e nele, desde os primeiros momentos de vida, começamos a forjar nossa maneira de dizer e desdizer tudo, cabe-nos a tarefa de incorporá-lo livremente. Ou seremos exilados em nossa própria terra!” (p.87)

“Para quem escreve, a experiência por excelência é a da leitura.” (p.87)

“Uma experiência intensa em virtude da qualidade dos textos, da sua relevância incontestável.” (p.88)

“A leitura é, portanto, um tipo de influência que podemos (e devemos) provocar em nossa vida. Uma influência que recebemos de modo “seguro”, uma influência que recebemos na privacidade de quatro paredes, no silêncio de uma biblioteca, provavelmente sentados, sem derramamento de sangue, sem gastos econômicos excessivos. Mas, afinal, uma influência decisiva para o nosso aperfeiçoamento como pessoas, como seres pensantes, e como produtores eficazes de textos. Experiência perigosíssima... para a nossa mediocridade. Perigosíssima... para a nossa imaturidade existencial.” (p.88-89)

“E vale a pena correr esse risco, para tornar-se uma pessoa culturalmente, humanamente representativa.” (p.89)

“Trata-se de uma influência que se recebe de modo voluntário e inesquecível.” (p.89)

“O plágio criativo, uma realidade literária. Uma necessidade, acrescentaria eu.” (p.89)

“A cultura literária é uma das melhores influências que podemos provocar em nós mesmos, e praticamente a única se quisermos com mais segurança, com mais agudeza. Cultura é cultivo, é cultivar-nos, é receber de bom grado e desenvolver em nós o que outras pessoas já pensaram, já disseram, já escreveram. (...)” (p.91)

“Cultura é conhecer os cardápios e repertórios disponíveis no horizonte das produções musicais, pictóricas, cinematográficas etc. (...)” (p.91)

“As regras do plágio criativo. Que estão muito claras para os grandes escritores, todos eles cientes e conscientes daquele dogma que o crítico norte-americano Harold Bloom soube consignar numa frase contundente: “A grande escrita é sempre reescrita”, e que podemos colocar ao lado de outra frase, da autoria de Salvador Dalí: “De quien no quiere imitar a nadie, no sale nada.”” (p.92)

“(...) todos, mal ou bem, copiamos e recopiamos o que outros, mais brilhante do que nós, ou mais lúcidos do que nós, ou mais engenhosos do que nós, já escreveram.” (p.93)

“Os bons textos são nossos mestres e praticamente estão pedindo para ser imitados.” (p.94)


PERISSÉ, Gabriel. A arte da palavra: como criar um estilo pessoal na comunicação escrita. 1ª edição. São Paulo, SP: Editora Manole, 2003, Capítulo 4, p.75-103.

Posts recentes

Ver tudo

Comments


©2021 por Grupo4Logística. 

bottom of page